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quinta-feira, 8 de maio de 2014

Resenha - Neve, de Orhan Pamuk


Título Original: Kar
Título Traduzido: Neve

Autor: Orhan Pamuk
Editora: Companhia das Letras
skoob


Eu definiria ”Neve” como um livro difícil, mas que vale a pena ser lido. O livro conta a história da visita de Ka (um poeta turco exilado, que mora em Frankfurt, na Alemanha) à Turquia. Ka visita a pequena cidade de Kar, sob o pretexto de jornalista: quer fazer uma reportagem sobre as eleições para prefeito e também sobre a onda de suicídios que abalava a cidade.

Ao chegar na pequena cidade, a neve faz com que o local fique ilhado durante três dias - e é nesse curto período de tempo que a principal parte da trama acontece.

Respaldados pelo isolamento da cidade, uma trupe de teatro aproveita a oportunidade e organiza um golpe de estado. Nesse momento, Kar torna-se um microcrosmos de todo conflito que atinge a Turquia moderna: o conflito entre fundamentalistas religiosos e os secularistas (ou ateus). Há também bastante referências relacionadas ao povo curdo.

Ka envolve-se em todo o conflito, e com ambas frontes de confronto. Mas além disso, nesse curto espaço de tempo também se desenrola o romance entre Ka e Ipek (sua antiga paixão de faculdade), e o poeta encontra inspiração para escrever seus poemas - depois de um longo período em que não conseguia escrever nada.


Minha Opinião:

Como disse no início da resenha, achei Neve um livro difícil. Vou confessar que sou um zero à esquerda em geopolítica, por isso no início tive dificuldade para entender as origens do conflito, quem era quem e tudo mais (hahaha imaginem a cena). A escrita do autor não é fluída (na minha opinião): eu tinha que me esforçar inúmeras vezes para seguir o fluxo dos acontecimentos.

Porém, apesar disso tudo (e das quase duas semanas que levei pra terminar o livro), eu acho que valeu a pena. Além de ter aprendido muito a respeito da cultura, da situação politica da Turquia, os questionamentos que o livro me trouxe foram muito válidos. Todas as discussões acerca de religião, ocidentalização, a visão que a Europa tem das culturas orientais, a visão que os fundamentalistas religiosos tem dos europeus… Tudo isso pode ser transcendido e pensar em muitos outros contextos no mundo - inclusive a relação do Brasil com o resto do mundo (mas isso talvez seja assunto para outro post).

Enfim, uma coisa posso garantir: depois que você lê a última página do romance (aliás, um dos únicos finais em aberto que eu curti até hoje), você está diferente do que quando começou. Pelo menos um pouquinho mais sábio e questionador! Recomendo para quem procura uma leitura mais pesada, densa e com fundo político :)


PS1: o autor foi agraciado com o prêmio Nobel de Literatura depois de escrever esse livro.

PS2: O livro faz muitas referência a uma comida bem popular turca: o doner/kebab. Perdi a conta das vezes que fiquei com vontade de comer lendo o livro... hahahahaha

2 comentários:

  1. Mais do que a trama da história, eu gostei mesmo foi da forma como foi escrita. Difícil, pesado, denso, truncado, complexo - mas ainda assim, quando terminei, me deu vontade de apertar a mão do Orhan Pamuk e parabenizar ele pelo belo livro. Super indico! (Mas não é para o fracos e/ou preguiçosos)

    PS: Vontade de reler, afinal, já se vão uns 5 ou 6 (ou mais, o tempo passa muito rápido) anos que eu li Neve!
    PS2: Pena que depois que os caras ganham um Nobel de Literatura, nunca, jamais, o livro vai custar menos que uma fortuna. (Eles valem a fortuna, mas enfim...)

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    1. Truncado define o jeito que ele escreve mesmo. Não é uma leitura pra preguiçoso mesmo, tem que focar pra ler (nada de John Green style HAUSHDUASDUAHU)
      PS1: relê mesmo!
      PS2: eu tenho ele versão kindle. Quer? O livro físico é muito caro mesmo :/ Até porque é um livrão!

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